Domingo, 25 de Maio de 2008

Humberto Delgado 50 Anos Depois.

22 de Maio de 1958 – Cine-Parque de Chaves
 *
No dia 22 de Maio de 1958 esteve nesta cidade o General Humberto Delgado, candidato da oposição, que anda em digressão de propaganda pela província.
Pelas 19 horas chegou ao cruzamento da estrada de Vila real, vindo de Mirandela, acompanhado de mais de uma centena de carros.
Nas ruas por onde passou, no cemitério onde depôs ramos de flores nos jazigos do antigo Ministro António Granjo e General Ribeiro de Carvalho, no Monumento aos Mortos da Grande Guerra, onde também prestou homenagem, foi sempre entusiasticamente aclamado.
No grande Hotel foi-lhe em seguida um jantar a que se assistiram perto de duzentas pessoas.
Findo o repasto dirigiram-se todos para o Cine-Parque onde se realizou a sessão de propaganda eleitoral.
Com a casa de espectáculos completamente esgotada, e vistosamente decorada com as cores da bandeira nacional, a multidão não se cansou de aclamar o General, e de dar vivas a Portugal, à Republica e à Liberdade.
A mesa foi presidida pelo General Humberto Delgado, que tinha a ladeá-lo os velhos republicanos, Padre João Vaz Amorim, Desembargador Montalvão Machado, Dr. Azevedo Antas, Dr. Costa Gomes e Arquitecto Andrade.
Foram oradores, os Srs. Desembargador Montalvão Machado, Dr. Francisco Costa Gomes, Dr. Gabriel Salazar, de Mirandela, Dr. Alexandre Faria, de Bragança, Dr. Francisco Carneiro, Dr. Camilo Botelho, de Alijó, Dr. Brasão Antunes, Dr. Alberto Rodrigues, fechando a sessão entre vibrantes manifestações, o Sr. General.
Todos os oradores foram muito aplaudidos e ovacionados durante os seus entusiásticos discursos.(A voz de Chaves – Maio de 1958).
 
 

 
“A fim de presidir a uma Sessão de Propaganda, visitou esta cidade na passada quinta feira, o candidato independente à Presidência da República Sr. General Humberto Delgado, que aqui chegou cerca das 19 horas acompanhado de uma extensa caravana de automóveis, sendo aguardado junto do Jardim Público pelos membros da Comissão Concelhia da candidatura.
Dirigiu-se depois ao Cemitério Municipal onde depôs ramos de flores nas sepulturas de António Granjo, Ribeiro de Carvalho e Nicolau Mesquita, seguindo depois para a Rotunda da Avenida dos Aliados tendo o Sr. General Humberto Delgado deposto quatro ramos de flores na base do monumento aos Mortos da Grande Guerra.
Pelas 20 horas realizou-se no Grande Hotel um jantar de homenagem ao candidato, a que assistiram algumas dezenas de pessoas.
Á noite, pelas 21,30 horas, efectuou-se no Cine-Parque, uma sessão de propaganda presidida pelo Sr. General Humberto Delgado, na qual usaram da palavra diversos oradores. A sessão, que decorreu com grande entusiasmo, foi encerrada pelo Candidato com um vibrante discurso.
A sala encontrava-se engalanada com colchas e bandeiras e repleta de pessoas que vitoriaram calorosamente o Sr. General Humberto Delgado.” (Noticias de Chaves de 24 de Maio de 1958).
 
ESTOU PRONTO A MORRER PELA LIBERDADE
*
O célebre discurso de Humberto Delgado proferido no Cine-Teatro em Chaves é o seu único registo de voz da campanha eleitoral.
A célebre frase com que encerrou o comício de Chaves veio a alcançar um significado profético, no fatídico dia 13 de Fevereiro de 1965.
*
«Todos nós, cidadãos pacíficos duma candidatura pacífica, queremos pacificamente conquistar a paz. Mas os esbirros do governo, como têm visto, andam a chamar-nos subversivos nos jornais e a tratar-nos na via pública como malfeitores. Ninguém sabe, portanto, minhas senhoras e meus senhores, onde isto pode ir ter. há uma coisa, porém, que quero jurar aqui. Eu estou pronto a morrer pela liberdade!»
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21 de Maio de 2008 – Biblioteca Municipal – 50 Anos Depois
*
Chaves homenageou “O Homem Sem Medo”
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Com a presença da filha e do neto de Humberto Delgado, realizou-se, na Biblioteca Municipal de Chaves, um colóquio, com a exibição de fotografias inéditas da passagem pela cidade de Chaves, a 21 de Maio, do General Humberto Delgado em campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 1958.
 
 

 

Na intervenção que proferiu Júlio Montalvão Machado, que integrava a campanha de Humberto Delgado, recordou a impressionante recepção popular registada em Chaves, a 21 de Maio de 1958, sustentando que este acto marcou a campanha eleitoral para as presidenciais de 1958.
Apesar dos esforços e obstáculos, do Presidente da Câmara Municipal, da Comissão da União Nacional e principalmente da repressão das forças policiais, Humberto Delgado foi recebido em apoteose em Chaves.
*
 
No uso da palavra, Frederico Delgado Rosa, para que a memória não se apague e o faz de conta não tome o lugar da verdade, recordou a vida de seu avô o General Humberto Delgado.
Fez ainda referência ao episódio da chegada a Chaves, pelas 19h30, em que Humberto Delgado foi interpelado pelo capitão e comandante da PSP:
«- V. Exa., meu general, tem que tomar lugar no automóvel e fazer o trajecto de carro,»
«- Desde quando um capitão dá ordens a um general? Retire-se-me da frente pois eu vou bem a pé.».
*
Espancado até à morto e não morto a tiro.
A tese de que Humberto Delgado foi espancado até à morte - e não morto a tiro como se tem sustentado até agora - é defendida por Frederico Delgado Rosa na primeira biografia do general, que foi lançada a 7 de Maio na Assembleia da República, e agora apresentada em Chaves.
 
 

 
«Humberto Delgado – Biografia do General Sem Medo» é o título do livro, um trabalho de sete anos de Frederico Delgado Rosa, neto do general.
O livro quer repor a verdade sobre a morte do general e lança a polémica sobre o assassinato do general ao acusar o poder democrático de ter sido cúmplice do Estado Novo na investigação e punição do crime.
O crime e, neste caso, a ausência de castigo que, como assinalou o general Pezarat Correia, começou naturalmente antes do 25 de Abril e continuou, estranhamente, mesmo depois da revolução.
 
«Foi uma mentira conveniente que permitiu ilibar muita gente».
"Os portugueses merecem a verdade", afirmou Frederico Delgado Rosa, neto do general.
 
A cerimónia encerrou com uma breve intervenção de Iva Delgado, filha do general, e presidente da Fundação Humberto Delgado que recordou o episódio da “Espada de Santa Apolónia”. Disse ainda que o que aconteceu em Chaves "Foi um momento de paixão pela liberdade", e sustenta que a memória de Humberto Delgado permanecerá durante muitos anos no Portugal democrático.
 

publicado por Flaviense às 23:25
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Sexta-feira, 9 de Maio de 2008

Eleições de 1958

Humberto Delgado 50 Anos Depois.

 

Numa iniciativa de Júlio Montalvão Machado, no dia 21 de Maio de 2008, às 21h00, celebra-se em Chaves o Cinquentenário da visita de Humberto Delgado e das Eleições Presidenciais de 1958.

 

Com a presença da filha e do neto de Humberto Delgado, realiza-se, na Biblioteca Municipal, um colóquio com a exibição de Fotografias inéditas da Visita e Comício em Chaves, com depoimento de Júlio Montalvão Machado que viveu esse acontecimento histórico.
 

 

 *
O célebre discurso de Humberto Delgado proferido em Chaves é o seu único registo de voz da campanha eleitoral.
Nele proferiu a célebre frase «Estou pronto a morrer pela Liberdade!»
publicado por Flaviense às 23:28
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Quarta-feira, 13 de Fevereiro de 2008

Faz 43 anos

13 Fevereiro 2008 – 13 de Janeiro de 1965

 

Humberto da Silva Delgado nasceu a 15 de Maio de 1906, em S. Simão da Brogueira – Torres Novas e foi assassinado pela PIDE a 13 de Fevereiro de 1965, em Villa Nueva del Fresno, perto de Badajoz (Espanha) após vários anos de exílio.

 

Humberto Delgado

 

Termina o mandato do Presidente Craveiro Lopes. Em Fevereiro de 1958, Humberto Delgado declara-se Candidato à Presidência da República, contra o almirante Américo Tomás (apoiante de Salazar). Reúne em torno da sua candidatura toda a oposição ao regime, mormente os comunistas.

*

“Obviamente demito-o”

Bastou uma simples frase, para que Humberto Delgado, escrevesse o seu destino na história política de Portugal contemporâneo.

O episódio a que esta frase se refere, passou-se em Lisboa no café “Chave de Ouro”, no dia 10 de Maio de 1958, respondendo a uma pergunta feita pelo jornalista Mário Neves, correspondente da France Press:

“Qual a sua atitude para com o Sr. Presidente do Conselho se for eleito?”

O ”General sem medo” disse: "demito-o, obviamente", a afirmação passaria à história com as palavras em ordem inversa.

Foi a frase de declaração de guerra ao regime, que verdadeiramente iniciaria o caminho que o introduz na História, e lhe carreia o cognome de "General sem Medo".

Com esta resposta, passou de um General candidato, a grande esperança da democracia em Portugal.

*

Depois das eleições, que ficaram conhecidas por constituírem uma maciça fraude eleitoral, Salazar promove, em Agosto de 1959, uma revisão da Constituição, impedindo a eleição do Presidente da República por sufrágio directo, sendo substituído por sufrágio indirecto proporcionado por um colégio eleitoral de total confiança do Governo.

No rescaldo das eleições o governo demitiu Humberto Delgado das funções de Director-geral da Aeronáutica Civil, a 12 de Junho de 1958.

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Avisado de que estava preparada uma falsa manifestação de apoio em frente da sua residência, com elementos da PIDE e da Legião, com intuitos de o assassinarem, refugiou-se na Embaixada do Brasil a 12 de Janeiro de 1959. Depois exila-se para aquele país.

Assumiu a responsabilidade política da controversa captura o paquete "Santa Maria", operação levada a cabo por Henrique Galvão e membros do Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL) em 22 de Janeiro de 1961.

Nos finais de 1961, Humberto Delgado entra clandestinamente em Portugal para tomar parte na fracassada revolta de Beja, conseguindo iludir a vigilância da PIDE durante quinze dias.

1963: Instala-se na Argélia e assume a chefia da Junta Patriótica de Libertação Nacional.

1964: Deixa a J.P.L.N. e funda a Frente Portuguesa de Libertação Nacional.

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A PIDE, que já no Brasil fizera uma tentativa de assassinar Humberto Delgado, não podia falhar novamente e planejou minuciosamente o assassinato do opositor na chamada "Operação Outono".

A emboscada começou meses antes, quando membros da PIDE que se tinham infiltrado nos círculos de confiança do general o convenceram de que ele tinha que viajar para Badajoz, saindo da Argélia, para tentar derrubar o regime.

Foi assim que ele anuiu ir ao encontro de Badajoz. Convencido que se reuniria, em um escritório dos correios da cidade espanhola de Badajoz, com um grupo de opositores interessados em derrubar o regime, Delgado foi de facto ao encontro da morte.

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13 de Fevereiro de 1965 é a data do encontro fatídico. Ele tinha tanta confiança de que tudo estava acontecendo dentro do previsto, que enviou do escritório dos correios quatro cartões postais a amigos residentes em quatro países diferentes, assinados com o pseudónimo (Deolinda).

O objectivo do envio destes postais correspondia a um código, previamente combinado, que significava: estou vivo e não estou preso.

Foi o último sinal de vida e por isso esta data é considerada a data do seu assassinato que se pressupõe ter ocorrido perto de Olivença.

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O assassinato do "general sem medo" foi realizado por uma brigada de quatro agentes da PIDE que cruzaram a fronteira entre Espanha e Portugal usando passaportes falsos.

O grupo era comandado por António Rosa Casaco, acompanhado por Agostinho Tienza, Ernesto Lopes Ramos e Casimiro Monteiro, este último autor dos disparos que mataram Humberto Delgado e sua secretária, a brasileira Arajaryr Moreira de Campos.

Depois do assassinato, Rosa Casaco telefonou para o chefe da polícia política do regime, o major Silva Pais, a quem confirmou as mortes. 

Passam-se semanas sem qualquer notícia do seu paradeiro.

Dois meses e meio depois, a 26 de Abril de 1965, os corpos do de Humberto Delgado e de sua secretária são encontrados por duas crianças, em adiantado estado de decomposição, perto da cidade espanhola de Villanueva del Fresno.

No entanto diversos elementos permitem identificá-los, dando início a um árduo processo judicial, que só terminaria após o 25 de Abril de 1974, com a condenação em tribunal militar dos ex-agentes da PIDE directamente implicados.

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Em 1990 Humberto Delgado foi promovido a título póstumo a Marechal da Força Aérea e seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional em Lisboa.

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Para lembrar o assassinato, de Humberto Delgado, no local exacto onde Casimiro Monteiro apertou o gatilho de sua pistola, foi erguido em 1995 um monumento que simboliza o triunfo da liberdade sobre a morte.

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«ESTOU PRONTO A MORRER PELA LIBERDADE»

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No dia 22 de Maio de 1958 em Chaves, cheio de entusiasmo, com o apoio popular crescendo em paralelo com a crispação das forças situacionistas, alem dos temas usuais, proferiu ainda a celebre Frase: 

EU ESTOU PRONTO A MORRER PELA LIBERDADE”.

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publicado por Flaviense às 04:16
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